sexta-feira, 17 de maio de 2013

Veni Vidi Violence III

[#53 Ano 1] Mai 2013
[Memória

Na seção Memória de hoje, uma resenha do Veni Vidi Violence III, ocorrido nos idos de 2009 em São José/SC. Também nunca foi ao ar por razões desconhecidas.



Quando me mudei para Florianópolis, há três anos, caminhava cotidianamente pelo centro histórico e comercial da cidade e sempre via uns cartazes de shows feitos à mão e colados nas paredes e nos muros. Os cartazes pareciam muito com capas de fanzine feitos manualmente, os quais via circulando pela cidade de quando em quando. A semelhança me fez concluir que eram shows de bandas punk/hardcore.  O pico dos shows era um tal de Plataforma Rock Bar. Apesar de aguçarem a minha curiosidade, a correria da nova vida na ilha e o círculo de amizades que se desviava cada vez mais do meio underground e alternativo que tinha nos tempos idos de São Paulo, fez com que em três anos me abstivesse de acompanhar estes shows que os cartazes estampavam.
Depois do último sábado (22/08), o arrependimento me bateu a porta... Numa noite extremamente agradável resolvi sair de casa e colar no Veni Vidi Violence III, que aconteceu no mesmo Plataforma, em São José/SC, região metropolitana de Florianópolis.
            Com o pico relativamente vazio, avisto no palco uma gurizada semi-nua, vestindo sutiãs, calcinhas fio dental e perucas coloridas: era o U Pai. O som dos caras muito me agradou, lembrando bastante bandas como Fomi, Satanaiz e MDR, só pra citar uns exemplos nacionais. Fastcore nu e cru, sem frescuras, com riffs extremamente rápidos, vocal berrado, letras divertidas e o batéra soltando a lenha lá atrás. Desobediência juvenil em sua melhor forma, em músicas de 15 segundos (quando chegam lá). Este é a receita do U Pai, de Florianópolis.
            Em seguida, depois de um pequeno intervalo, chega a vez do Motim, de Curitiba. Novamente, fiquei muito satisfeito. O som dos caras varia entre momentos mais líricos, com acordes dedilhados, até momentos extremamente furiosos. A presença de palco fez valer o bilhete. A performance é impressionante, e isto desemboca num frenesi extremo do público, que acompanhou, bateu palmas, cantou junto. Um belo quadro para observadores mais atentos. A parte instrumental é bem trabalhada. Destaco aqui o baixista, que groova em cima de linhas que zoam o braço inteiro, assim como os dois vocais, um mais grave e vigoroso, outro mais rasgado e agudo, que se encaixam em uma sintonia interessante...
            Com um som direto, letras engajadas, críticas e politizadas, o Glock foi o grande representante da noite do hardcore da Escola Antiga, com claras influências do NYHC oitentista. Os covers de Sepultura, Hatebreed e Madball deixaram o público extasiado. Interação 100 por cento com o público. O baixista era a encarnação do próprio diabo, se é que vocês me entendem, entrando no pit e se debatendo junto com a molecada. Suas marteladas nas cordas do baixo são vitais para encorpar o som e lhe conferir peso. Humildade e fúria. Combinação confusa, mas que talvez seja a que melhor demonstre o que a Glock é.
            Eis que sobe ao palco a Claustrum Burial, também de Curitiba. O som dos caras é difícil de definir: uma miscelânea de hardcore, death e como eles mesmos caracterizam thrash metal. Rotulações à parte, um tipo de som extremamente agressivo e furioso. Uma bateria muito rápida, com riffs pesados nas guitarras e um vocal impressionante. A textura da voz e as variações que ele faz, que pulam da grunhida mais aguda ao fraseado mais robusto e grave são características que causam impacto. Muito foda. Infelizmente ao final desta banda tive que me retirar do recinto e ir embora, por motivações pessoais. Não sei dizer se rolaram outras bandas e se rolaram, peço desculpas por não constarem nesta resenha. Veni Vidi Violence, em sua terceira edição. Valeu muito a pena conferir, pico show de bola. E as bandas fizeram valer o nome do festival.


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